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Rita Ventura presidente da Abam (Associação das Baianas de Acarajé e Mingaus) fala da falta do Dendê e suas consequências 

Rita Ventura presidente da Abam (Associação das Baianas de Acarajé e Mingaus) fala da falta do Dendê e suas consequências 

 

Fernando Gama: Em primeiro lugar gostaria que a senhora falasse um breve resumo dessa situação a respeito da escassez do Dendê?

Rita Ventura - Nós somos um estado tão grande. Tudo começou aqui, a plantação de Dendê existe a mais de 300 anos, o Governo do Estado não investiu nessa plantação do Dendê. A mais de 30 anos que não há investimento do Governo do Estado em relação ao Dendê. Com isso muitos produtores começaram a desistir da plantação. Hoje nós temos a costa do Dendê que abrange mais de 22 municípios onde está sendo criado identificação geográfica do dendê com a participação desses 22 municípios. São entorno de 22 mil plantadores de Dendê, mas como não houve investimento por parte do Governo do Estado não houve uma modernidade por parte do governo do estado chegou - se a esta situação. Hoje tem pés de Dendê de 25 metros, tem cachos de Dendê de 250kg e o pior de tudo isso o Dendê está nos matando e nós temos laudos médicos onde diz que a fumaça do Dendê está sendo prejudicial para a saúde das baianas.

Fernando Gama Quais os principais motivos que levaram a essa situação?

Rita Ventura - Então a primeira mão os plantadores de Dendê são contra a ideia de importar e temos aí uma grande empresa com a ideia de importar Dendê durante esses dois meses. Depende de o Governo do Estado diminuir os impostos e se o Governo do Estado diminuir os impostos uma grande empresa deve importar o Dendê para esses dois meses o que não é o ideal, o ideal é a Bahia produzir o Dendê, dar emprego para os baianos, não ficar dependente de importação. Quanto mais se produzir o Dendê haverá mais emprego. Irá dar tranquilidade aos produtores, se não houver isso as baianas serão prejudicadíssimas, os restaurantes que trabalham com comida baiana os terreiros de candomblé que utilizam o dendê todos serão penalizados. Se continuar assim a Bahia tem sim que investir no dendê. O governo tem de estruturar melhor este projeto e tem um projeto feito pelo IFIBA e a UFBA.

Fernando Gama - DE QUE FORMA ESTE PROBLEMA DA ESCASSES DO DENDE AGORA PODE SER RESOLVIDO?

Rita Ventura - Infelizmente se continuar assim a curto prazo e estou naquela assim a Prefeitura não liberou as baianas, tem poucas trabalhando os restaurantes estão com pouca coisa, a gente vai trabalhar para ver se em janeiro agente tem Dendê para que não seja necessário importar.

RITA VENTURA

Fernando gama - QUAIS PROVIDENCIAS A ABAM JUNTO COM O GOVERNO DO ESTADO ESTAO TOMANDO PARA RESOLVER ESTE PROBLEMA?

RITA VENTURA - É isso... nós estamos trabalhando, várias reuniões com o Governo do Estado, com o Vice - Governador para que as medidas sejam tomadas. Nós conseguimos que a Petrobrás diminuísse em 2% o uso do Dendê já foi um ganho muito grande a Petrobrás ter dado um passo atras.

Fernando gama - COMO AS BAIANAS JUNTO COM A ABAM ESTAO ENFRENTADO ESTE MOMENTO DIFICIL DE PANDEMIA E ESCASSES DO DENDE UM PRODUTO EM QUE O PREÇO AUMENTOU?

RITA VENTURA - Você veja bem! as baianas estão desde 20 de março sem trabalhar, só em Salvador são mais de 3.500 baianas estão sem trabalhar desde 20 de março a maioria das baianas. São do grupo de risco, a maioria das baianas tem pressão alta são hipertensas são do grupo de risco e boa parte. Eu tento fazer plano de saúde, mas elas não têm interesse em pagar, o que nós estamos fazendo nós temos 100 baianas trabalhando em delivre. A Coca Cola foi uma parceira, fez doação de Camarão, Azeite, Papel, Caderno, Castanha, Amendoim e Refrigerante para elas voltarem ao trabalho eu agora estou preparando uma lista para mais 100 baianas para que elas deem o primeiro passo, pois estão paradas desde de 20 de março e a maioria não tem um segundo emprego, dependem do tabuleiro algumas tem bolsa família normalmente na casa de uma baiana tem mais de 5 pessoas para sobreviver DESSE dinheiro e a maioria são mulheres não tem marido e o marido é o tabuleiro, normalmente sustenta os filhos os netos e até os bisnetos.

FERNANDO GAMA- TEM A POSSIBILIDADE DA CULTURA DO DENDÉ ACABAR NA OPINIAO DA SENHORA E QUAIS SERIAM AS CONSEQUENCIAS PARA A CLASSE DAS BAIANAS?

RITA VENTURA - De forma alguma! se acabar a cultura do Dendê o ofício da baiana acaba. Nós estamos aqui a 300 anos eu espero que fique mais 300. É um casamento, não existe Acarajé sem Dendê. Eu fui para o Benin em dezembro na África é um projeto de 5 anos lá eles têm o Adar frito no óleo de amendoim. Não é Acarajé o governo lá quer extinguir o uso do óleo de amendoim quer que seja frito no óleo de Dendê e lá tem Dendê em abundância e eu estou indo pra lá para treina - lãs.

FERNANDO GAMA - UMA DAS FORMAS DE RESOLVER ESTE PROBLEMA SERIA TRAZENDO DENDÊ DO PARÁ?

RITA VENTURA - São os dois estados que tem Dendê. Nós temos que resolver a vida de nossos produtores de Dendê e nós temos aqui em torno de 20 mil costas do Dendê.

FERNANDO GAMA - PASSANDO O DENDE SER MAIS CARO PARA AS BAIANAS O VALOR DO ACARAJE AUMENTARIA?

RITA VENTURA - De forma alguma o valor não pode ser aumentado, pois, os consumidores não irão comprar diante da Pandemia e da crise que o país enfrenta.

 



 
 
 

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